sexta-feira, 27 de julho de 2012

Virtualidades

Há uma dimensão que trespassa o que é virtual quando se segue um blog com regularidade.
Desde que o faço, aprendi mais, senti-me menos espécie rara, perspectivei alternativas, ri-me, passei à acção, tive retorno, comovi-me, percebi que o mundo é mesmo redondo e criei empatia por quem nunca vi em carne e osso.
Gosto tanto disso.
E não me importo de continuar a ouvir “o quê? leste isso nos teus blogs?” Sendo que só tenho um, que é este. Mas é mesmo isso, é como se aqueles que sigo religiosamente fossem um bocadinho meus.

É a grande virtualidade disto, que afinal não é assim tão virtual.
Um beijo maior à Princesa e à Valsita por mais um selo.

E um beijo maior à Duchess pelas lágrimas e pelo elogio.. ;)
E um beijo maior à Magda por tudo aquilo que me vai ensinando (por vezes via Melancia).

E um beijo maior, assim para o gigante, à Melancia pelo post dedicado aos pés de família.

O dia dos avós ficou marcado...

...por esta forma.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

E se a minha infância se resumisse a uma imagem



Poderia bem ser esta.
Porque foi uma infância doce.
Porque foi uma infância marcada por rituais.
Porque foi uma infância com rasgos de surpresa, euforia, maluquice pura.

Tinha eu cerca de 6 anos e, ritualmente, acompanhava o meu pai e a minha mãe para o café após o jantar. Café de beira de estrada, junto a uma bomba de gasolina. Ou seja, charme? Nenhum. Mas nem é isso que importa quando somos crianças.
Os meus pais sempre foram algo permissivos quanto à minha alimentação. Não me lembro de me ser recusado um chocolate (mal! É por isso que hoje sou dependente), um gelado (só não podia ser calipo, sei lá porquê), um sumo.
E por isso, quase a cada noite, me era permitido fazer um furinho e esperar pela cor da bolinha para saber que chocolate me caberia. Tanto fazia. Gostava de todos. Mas era uma emoção, nesses milésimos de segundos de espera ansiava pela bolinha prateada ou dourada, que me trariam um chocolate enorme.

Não deixa de ser curioso como estas lembranças me trazem o empolgamento da altura. É tão fácil ser feliz em criança.
Depois, de vez em quando, num acto absolutamente irracional, o meu pai deixava-me fazer vários furos de uma vez, até mais de 10, porque quem fizesse o último furo, tinha como acréscimo um grande conjunto de chocolates. Como eu vibrava com a loucura do meu pai. “Mesmo, pai? Todos?” Lembro-me tão bem que o espanto que me assolava estava também no rosto do empregado do café. E recordo a voz da minha mãe, ao longe, sem se impor propriamente, mas a lançar algo como “não têm mesmo juízo”.

E não tínhamos. E a infância é feita de dias assim. Em que se perde o juízo para se ganhar a noite, regressando a casa carregada de chocolates.
Cresci e deixei de acompanhar os meus pais ao café com a mesma regularidade.
Um dia reparei que a máquina dos furinhos (eu sei que aquilo não é uma máquina mas era assim que a chamava) já lá não estava.
Nem lá nem em lado nenhum.

Passaram-se anos até ter repetido a emoção, desta vez com amigas, numa feira em Viana. Lembro-me que senti o mesmo entusiasmo e que telefonei aos meus pais para lhes dar conta que, por mais uns minutos, voltei à infância.
Hoje, voltei mais uma vez. Só por causa desta imagem. Obrigada Susanita.

Como é que isso vai? (versão brasileira)

Vai rolando...

terça-feira, 17 de julho de 2012

Desafio: as minhas 3 peças de roupa

A resposta ao desafio chega tarde (a minha aptidão para fazer montagem de imagens é zero).
Foi-me lançado pela Princesa e consiste em seleccionar 3 peças de roupa que não dispenso.
A escolha não é a mais expectável, mas é a minha.
1-Lenços! Muitos, de todos os géneros, de todas as cores, em diversas ocasiões. Na gravidez, então, deram-me um jeito enorme, porque o vestido era o mesmo, mudava era o lenço!
2-Meias com rendinhas para usar com sabrinas (não sei qual o nome correcto para esta peça de roupa). Desde que as descobri na Calzedonia, não as dispenso, porque dão uma graça às sabrinas, porque permitem que alguém como eu, que só tem 3 pares de sabrinas, mas que as usa todos os fins-de-semana ou fins de tarde, por causa das correrias do pequeno, possa parecer ter uma coleccção mais variada de calçado do que verdadeireamente tem.
3-Peças com história. Adoro peças de roupa com significado, como o lenço que usei no dia do nascimento do Pedro, como a minha blusa de margaridas que coloquei após o nascimento da minha sobrinha, como o casaco quer está na imagem, que é o casaco do vestido de casamento da minha mãe. Nada como uma dimensão emocional na roupa para nos sentirmos melhores.

Apesar de saber que a menina não gosta de desafio, lanço-o à Pitú como empurrão para desenvolver a temática da roupa na gravidez, e à Melancia, que está bem mais jeitosa do que eu nestas coisas das montagens. 

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Não é hoje a Primavera?

Já estamos no Verão (estamos?).
Ainda era Inverno quando te soubemos pela primeira vez, ao sabor de um bolo rei.
E hoje, para nós, é Primavera.
É Primavera porque nasceste, Margarida. Porque te temos no colo, porque repetimos a emoção de ter junto à pele alguém que esperavamos há muito, porque não há explosão maior do que concretizar o amor na forma do teu rosto, na perfeição das tuas mãos, nos teus olhos rasgados, no teu choro cheio de personalidade.
Hoje é Primavera porque estás connosco, Margarida. Especialmente com o Pedro, que te reconhece desde cedo como o bebé na barriga da tia e que ansiava pela prima verdadeira (prima vera, vês!) para brincar, para proteger, para amar.
Hoje é Primavera porque sentimos o cheiro de flores, talvez mais o teu, Margarida.
Hoje é Primavera porque nos chega um sol ameno e um vento brando. És tu, Margarida.

Para nós, o dia em que nasceste será sempre Primavera.


Só eu é que não vejo?

Quando a nossa mãe, o nosso marido e uma das nossas melhores amigas nos dizem, sem prévia combinação, que parecemos tristes, talvez haja um fundinho de razão para o comentário.

Não tenho razões para estar triste.
Tenho preocupações. Umas minhas e outras que não me pertencem.
Ver se hoje me centro no que realmente importa.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Entretanto

Gosto do optimismo que se encontra neste advérbio. Gosto TANTO.

Não dá para esconder que temos um filho pequeno...#13

Quando vamos jantar a uma feira de artesanato e não nos sentamos e percorremos o recinto todo sem ver nada de nada (valha-nos os músculos ainda não treinados para o peso do pequeno de amigos que dele se ocupam enquanto se come um jesuíta).

quarta-feira, 4 de julho de 2012

O dia de hoje (post alterado)

Hoje o dia não é memorável por qualquer independência de um país.

Hoje o meu avô materno faria 89 anos. São 16 aniversários que ficaram por festejar. Abraços por dar, prendas por abrir.
Lembrei-me de um pólo verde que escolhera juntamente com a minha mãe para lhe oferecer no último dia do pai que festejamos juntos, em 97. A Primavera desse ano deve ter sido fria, porque o meu avô não o conseguiu estrear até aquele dia 20 de Maio. E a 4 de Julho já cá não estava. E ninguém o quis vestir pela primeira vez.
Lembro-me tão bem desse 4 de Julho de 97, onde depois de tanto ter chorado em privado ou junto a quem mais amo, tive um ataque de choro em público, compulsivo, que me levou o ar e as palavras, que me pareceu ser eterno.

Hoje foi o dia que "escolhera" para conhecer a minha sobrinha. O meu palpite falhou (até agora mas nunca se sabe...). É o dia do meu avô Fernando, seria o dia da minha pequena Margarida, brindando os pais no seu aniversário de casamento. E é quarta-feira, o dia da semana em que o Pedro nasceu.

Hoje será dado, com muita probabilidade, um ultimato à minha mãe para deixar de fumar. Tal como sucedeu com o meu avô, que o cumpriu escrupulosamente. Que neste dia a minha mãe se lembre do pai, pela falta que lhe faz, mas também pela sua determinação.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

O sétimo sentido

O meu sexto sentido sempre se mostrou apurado.

Depois de ter sido mãe, ganhei um sétimo sentido. É parecido com o sexto, mas dirige-se apenas ao Pedro. Faz com que esteja em alerta constante, apesar da minha aparente e, ao mesmo tempo, real tranquilidade. Faz-me questionar tudo sem que a dúvida me deixe indecisa ou preocupada. Faz-me equacionar todos os cenários sem que pareça um tolo em cima da ponte. Faz-me antecipar respostas sem que a pressa atrapalhe diagnósticos.
Sempre foi assim, desde os primeiros dias do Pedro. Hoje, mais uma vez, o meu sétimo sentido funcionou. No regresso de uma consulta do pediatra ficou uma dúvida, porque preferi questionar o que, provavelmente, poucos questionariam. E se isso me trouxe angústia? Não, fez-me reagir. Mais uma vez.