quinta-feira, 27 de junho de 2013

S. João


O sítio que reservei para as minhas fotografias não é este.
Mas esta fotografia diz (-me) tanto.

O S. João é a minha festa. É a festa da minha cidade do coração. Lembro-me desde sempre do cheiro das sardinhas, do sabor dos pimentos assados, da musicalidade dos martelos na cabeça, da dança das pessoas, num movimento de umas contra as outras. Lembro-me de tudo isto e era ainda pequena. Num tempo em que o meu pai me levava às cavalitas e eu via o Porto, assim, em festa, lá de cima, como quem vai ao miradouro da Vitória e o recebe no peito.
No Domingo de manhã, caminhei durante 4 horas e meia por esta cidade que se preparava, mais uma vez, para tudo isto e lembrei-me dessa minha infância. Lembrei-me de como se é feliz na infância com tão pouco.
À noite, às 00h00, o meu filho, enquanto lançávamos os balões, disse-me mais uma vez como se é feliz na infância.
E em cada balão um desejo. Uma infância.


terça-feira, 25 de junho de 2013

Os carros

A paixão começou pela forma circular das rodas. Antes de gostar de carros, o Pedro venerava as rodas. Depois do pormenor foi para o todo. A paixão expandiu-se.
Com 2 anos e 3 meses sabe quase todas as marcas de carros, distingue um clássico de um carro normal e sabe, entre as centenas (sim são centenas, espalhadas por 3 casas) de carros que tem o que quer.
Mas ontem, quando o ouvia brincar sozinho, foi inevitável pensar em como está grande o meu Pedro e como já sabe mais do que eu nestas coisas do automobilismo...

"um acidente e o carro capotou"
"o carro fez um peão"
"o carro verde dos pneus slick"

Sim, o meu filho sabe o que são pneus slick. Eu só o aprendi com 32 anos...

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Das minhas coisas (ou já estive mais longe do Magalhães de Lemos) #3

A minha primeira marca de guerra nas andanças da fotografia foi uma queimadura na mama.
E estava a fotografar vestida.

(A parte da loucura foi fotografar água perto de uma lâmpada!)

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Picnic




O dia estava nublado, de um cinzento instalado. O sol insistiu em não nos aquecer os corpos. O vento, mais frio do que seria expectável em Junho, não nos deixou tirar os casacos. Faltaram os rissóis e os panados, sobraram as quiches. Faltou chocolate. O Pedro caiu e magoou-se no nariz logo que chegámos ao Parque da Cidade. A bola gigante rebentou. Os cataventos dos meninos não resistiram à fúria de um e de outro índio. Terminámos o picnic, não sentados numa toalha no chão, mas à volta de uma mesa.

Nem todos os nossos planos correm na perfeição.
Mas nós, juntos, bastamo-nos. E juntos somos, sempre, perfeitos.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Das minhas coisas (ou já estive mais longe do Magalhães de Lemos) #2

Tenho a firme convicção de que ordeno a informação no meu cérebro por ordem alfabética.

Muitas vezes não me lembro de um determinado nome mas sei por que letra começa. Outras vezes sei a letra inicial e uma ou outra das restantes...

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Dos sonhos

Esta noite sonhei com a minha família.

Era um dia de fim-de-semana, o sol queimava-me as costas enquanto brincava com o meu filho à entrada da casa dos meus pais. O Miguel a meu lado. Os meus pais, a minha avó, o meu padrinho e um tio lá dentro, todos fora do meu ângulo de visão, mas presentes. De um momento para o outro vejo 3 primos meus, irmãos entre si, as suas mulheres e marido e o meu afilhado e o irmão. Uma surpresa. Chegaram sem avisar, de uma viagem longa, para realizarem uma prova de comida (o que é que nos passa pela cabeça enquanto dormimos?). Entrámos. Mais risos. Mais conversa sobre a comida, sobre os doces. O meu primo/irmão afinal também lá estava. E abraçamo-nos. Todos. Todos mesmo. Como é raro as famílias se abraçarem assim. Enquanto os sentia a todos, tão juntos, ao som do riso compulsivo do meu filho, pensava que alguém deveria estar a registar fotograficamente aquele abraço. Afasto-me para pegar na câmara fotográfica. E reparo que o meu tio, com 70 anos acabados de fazer, chorava de felicidade. Comovo-me sempre que vejo alguém chorar. A coisa piora quando é um homem e quando tem rugas na cara. E, quando percebo o choro do meu tio, choro de felicidade, é certo, começo eu a chorar compulsivamente.
Acordo.
No meu sonho estávamos felizes.
E não hesitámos em abraçarmo-nos. Falta-nos tantas vezes um abraço a quem temos como certo.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Devem ser mesmo felizes

Antes de sair para o jantar, numa terça-feira como outra qualquer, sem que alguém fizesse anos ou sem que houvesse motivos para festejos especiais, alguém me disse "devem ser mesmo felizes".
Devemos. Somos.
Somos, porque só assim nos dispomos a reunir 15 adultos e 9 (sim 9!) crianças, entre os 6 anos e um mês de idade, numa mesa longa, num dia de semana, com trabalho e escolinha no dia seguinte.
Somos, porque é destas coisas que a nossa amizade/felicidade se faz.

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Ser irmão

Ver o meu filho no colo do meu afilhado, 7 anos mais velho, ou sentado entre as suas pernas, vê-lo puxar-lhe a mão, para que o siga, vê-lo repetir o seu nome para que preste atenção ao que faz, e sempre feliz, uma felicidade diferente da que se sente quando são os adultos a dar-lhe colo ou atenção, ver tudo isto faz-me perceber como é bom ser o irmão mais novo. Como é bom ser irmão. E faz-me ter mais certezas de que quero, um dia, ter dessa felicidade em nossa casa, todos os dias.

Admito que pela excepcional doçura e cuidado do meu afilhado tudo me pareça muito cor-de-rosa...