quarta-feira, 13 de agosto de 2014

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Tenho 3 amigas que o são desde sempre. Já escrevi sobre isso.
Tenho 3 amigas que são minhas irmãs.
Como nos conhecemos desde sempre, às vezes, quando estamos as 4, é como se o tempo tivesse parado e nós não somos adultas, não trazemos filhos ao colo, cabelos brancos, algumas rugas, responsabilidades profissionais... Quando estamos as 4 lembro-me de nós como sempre fomos, crianças, adolescentes, livres, genuinamente felizes, cinematograficamente dramáticas (ui, como eu era dramática), sem que ninguém nos faltasse.

Em tantos anos de amizade, todas nós passamos por momentos difíceis, todas nós tivemos juntas num abraço, num beijo, num consolo.
Mas desta vez foi diferente. Naquele exacto momento em que 3 de nós suportavam nos braços a dor de quem via o pai deixar o último lugar que conheceu, naquele exacto momento em que a porta se fechou e só se ouvia silêncio e choro, estarmos as 4, só as 4, juntas, fez-me perceber como já somos adultas.
Porque é uma perda que só se deve ter na vida adulta.
Porque, naquele exacto momento, não nos vi como na infância.

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Ambiguidades

O que eu gosto mais na minha profissão é o sentimento de que uma acção minha mudou a vida de uma pessoa.
Fico orgulhosa quando ganho uma acção, quando penso numa solução jurídica para um problema, quando resolvo um conflito, quando acerto.
Mas o que eu gosto mesmo na minha profissão é fazer a diferença na vida de uma pessoa.
Ontem foi um dia assim. Trabalhei muito, muito mesmo, e ao fim de 7 horas tinha mudado a vida de uma pessoa. E não há nada que se compare ao calor de umas mãos a agarrarem as nossas, como se fossemos mais do que realmente somos. Não há nada que se compare a ver a pessoa voltar para trás, mais uma vez, só para nos agarrar as mãos, em jeito de agradecimento.

Ainda assim, quando hoje levei o meu filho a uma sala de audiências, quando lhe mostrei onde a mamã trabalha, quando, atenta a insistência dele de que também queria "atender pessoas", uma funcionária lhe deu um processo para a mão para que percebesse um pouco mais que a mamã lida com papéis, muitos papéis, sem as ilustrações coloridas a que está habituado, desejei, em voz alta, que não seguisse as pisadas da mãe.