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A passagem dos anos vai
fazendo bem e fazendo mal à beleza das pessoas. Varia.
Excepto (muito) raras
excepções, nunca acho um bebé recém-nascido feio, porque me encantam as
orelhinhas minúsculas, o nariz arrebitado, a serenidade, o cheiro, os
barulhinhos. O tempo vai passando e começam-se a notar os traços da beleza ou não que calhou àquela criança. E aí sim, já consigo notar quem é bonito e quem é feio, sendo certo que, se a criança for simpática quase que a acho bonita porque é irresistível a imprevisibilidade do que lhe sairá pela boca.
E depois vem a adolescência e é aí que a coisa descarrila. É que, do meu ponto de vista, mesmo o adolescente que foi uma criança bonita, deixa de o ser. As borbulhas na cara, o andar desengonçado, o nariz e a boca que parecem que crescem (falo por experiência própria, o meu nariz na adolescência era mais largo, à semelhança do que me aconteceu no final da gravidez), os devaneios na forma de vestir…
Só que as pessoas verdadeiramente bonitas são-no na mesma na adolescência. Conheço algumas para quem a adolescência não lhes causou mossa na beleza. Como é que isso se vê? Quando olhamos para as fotos dessa época e não vemos grandes diferenças relativamente às mulheres e homens em que se transformaram.
Para os outros que não cabem nessa classe privilegiada, a passagem à vida adulta traz uma beleza que se consegue com uma pele mais limpa, com um arranjo de sobrancelhas, com um corte de cabelo, com uns trapinhos mais aceitáveis.
E por fim, já adultos, as pessoas verdadeiramente bonitas ficam bem de qualquer maneira.
Tenho uma colega de profissão, com quem não tenho nenhuma relação pessoal, pelo que a minha visão não está deturpada por qualquer ligação de amizade, que, sempre que a vejo, está impecável. Mãe de 3 filhos e uma peça da Zara parece nela algo da alta costura. Um cabelo lindo, perfeito, que não se deve despentear nem durante o sono. Uma cara sem imperfeições que me faz questionar que corrector de olheiras usará. Uma postura irrepreensível, que até de fato de treino, deve impor respeito.
E foi isto que me veio à cabeça. Já passou.