Não me esqueço de tantas primeiras vezes. Ainda lhes sinto o
cheiro, a confusão das cores, os paladares, o coração a bater mais depressa.
Tudo por causa deste amor à primeira vista.
A primeira vez que o vi, tão cor-de-rosa.A primeira vez que o alimentei, a boca na minha pele.
A primeira vez que vi o Miguel a dar-lhe banho.
A primeira vez que sorriu.
A primeira vez que se deixou fotografar profissionalmente.
A primeira vez que mergulhou na piscina.
A primeira vez que se encantou com uma peça de teatro.
A primeira vez que lhe vi um dente.
A primeira vez que, tardiamente, rodou.
A primeira colher de puré de cenoura.
A primeira colher de iogurte.
A primeira vez que disse mamã.
A primeira vez que disse mamã intencionalmente.
A primeira vez que disse papá.
A primeira vez que gatinhou.
A primeira vez que andou (fiquei em êxtase porque não o julgava tão hábil).
A primeira vez que fez uma torre com brinquedos.
A primeira vez que foi à estante dos livros e sozinho o folheou.
A primeira vez que gostou de calcar a areia e de molhar os pés no mar.
A primeira vez que me abraçou, com força, dando-me palmadinhas nas costas.
A primeira vez que me colocou as mãos, lado a lado, na cara e me fixou os olhos.
A primeira vez que me beijou.
A primeira vez que repetiu o beijo.
A primeira vez que deu a chupeta ao Peter.
A primeira vez que disse tudo o que já diz: cá (carro), tocá (autocarro) má (máquina), bó (bola), alua (lua), cão (o animal), cão (chão), não, bô (bolo), geado (gelado), olá, abu (avô), abó (avó), Ana, Joana, Margaid (Margarida), Maía (Maria), tótó, tiangulo (triângulo), cadado (quadrado), circ (círculo), amalelo (amarelo) a-zul (azul), laanja (laranja), vemel (vermelho), atémanhã (até amanhã), então, manga, gute (iorgurte), caninha (carninha), massa, arru (arroz) …
A primeira vez que bateu os pés quando lhe disse para nadar na banheira.
A primeira vez que fez uma birra a sério.
A primeira vez que terminou uma frase da minha mãe com um “está bem?”.
A primeira vez que respondeu ao brinquedo bilingue “bye bye”
A primeira vez que, numa frase comprida e imperceptível, disse “alua amanhã”, depois de lhe ter dito que naquela noite a lua estava escondida mas que no dia seguinte já seria visível.
A primeira vez que riu às gargalhadas com uma palavra nova, como calmex, a sério? ou leleco (personagem da novela).
A primeira vez que partilhou um brinquedo com o Gonçalo, para logo se arrepender.
A primeira vez que dançou de alegria ao ver o primo Diogo.
A primeira vez que chorou por querer despedir-se da prima Margarida.
A primiera vez que, vendo uma fotografia da Maria, choramingou, passando as mãos na foto, nesse gesto tão fofo que usa para pedir.
A primeira vez que chegou à sala com a caixa do gelado, esquecida na cozinha, pedindo “maiis”.
A primeira vez que me disse, preparando-o para ir para a cama, “ainda não”.
A primeira vez que, de manhã, na nossa cama, ainda meio a dormir disse “mamã, papá”, rodando os braços para nos tocar.
Tão bonito!
ResponderEliminarE o melhor de tudo, é que a maior parte das coisas, acabam sempre por saber como uma primeira vez! E, a meu ver, é isso mesmo que torna esta caminhada tão maravilhosa e envolvente. Todos os dias e todos os gestos e palavras têm o sabor de primeira vez!
ResponderEliminarA 1vez que olhou para a minha foto e disse "maiiiinha"! :)
ResponderEliminar:)*
ResponderEliminartão terno, tão verdadeiro!
é maravilhoso!
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