Não sou boa nas despedidas. Digo tudo o que se deve dizer,
que vai passar rápido, que a vida é assim, que é pouco tempo, que estaremos
sempre juntos ainda que em palavras ou em sonhos. E não choro. Mas o coração
aperta-me por sentir o aperto de quem parte.
E depois, as crianças têm esse dom de nos abanar, esse jeito
inconsciente de nos fazer focar no que importa. Mal o Miguel passou a porta de
embarque, o Pedro correu para ver os aviões, correu para ver tudo o que um
aeroporto tem de fascinante, correu porque o chão é liso e o espaço amplo.
Dissemos adeus ao papá. Vimos um avião no ar e só não vimos o papá a acenar
porque o avião voa mais alto dos que os pássaros e mais perto das nuvens.Falo no papá todos os dias. Mas o Pedro não pergunta por ele. Sei que lhe sente a falta, que anseia pelas brincadeiras no banho, pelas escondidinhas, pelos saltos até ao céu que só o pai tem a habilidade de propiciar. Sei que sente que algo está diferente, a rotina alterou-se até um bocadinho mas o Pedro não questiona. Penso que será normal, acredito que não pergunte por uma questão de protecção. Ouve a voz do papá pelo menos 1 vez ao dia ao telefone, mas não lhe responde. Ontem mostrei-lhe uma fotografia do pai. Fez aquele gesto de pedir o que está a ver na imagem (tão fofo) e choramingou. 1 segundo depois já estava a falar dos carros e da ambulância da cruz vermelha, mas voltei a sentir o coração apertado.
É que eu não sou boa nas despedidas.
<3
ResponderEliminarAna, a tua escrita, a tua forma de expor as coisas,os sentimentos é tão bonita!
Adoro. E nem imaginas como admiro.
Deixas-me sem palavras. Tudo me parece pequeno...
Obrigada, Raquel. É muito bom sentir isso desse lado. Aproxima-nos. Beijinhos
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