Quase todas as manhãs começam com uma correria e não estou a falar de desporto.
Quase todas as manhãs levanto-me bem mais tarde do que devia, chego sempre mais tarde do que seria suposto ao escritório.
Quase todas as manhãs as camas ficam por fazer, os carros espalhados pelo chão, a loiça do pequeno-almoço em cima da mesa.
Quase todas as nossas manhãs vos poderiam parecer o caos. Se alguém tocasse à campainha pelas 9 horas, perceberia que ali vive uma família ainda desorganizada a 4.
O que ninguém sabe é que antes do caos, ali vive uma família verdadeiramente feliz.
Ontem, depois de uma noite inteira de sono (o que é ainda raro, raríssimo), a Aninha enroscou-se no meu peito e ali ficou acordada. Contemplei-a durante cerca de 30 minutos, senti-lhe as unhas finas no meu peito, a respiração serena no meu pescoço, o cheiro quente que é só dela. Acabou por adormecer, da melhor forma que encontra, junto a mim.
Nem um minuto depois, ouvi o Pedro chamar-me. Pediu-me leite na cama e que eu ficasse ali, junto a ele. Foram os seus 30 minutos de mimo, de histórias sobre lobos, sobre carros, sobre quando eu era pequenina. O meu filho nunca é tão meigo como ao acordar. Aprendeu comigo a dizer o que sente, a abraçar e a beijar e quando o faz melhor não é quando eu regresso do trabalho, mas quando ele regressa dos sonhos.
Ontem não pude ainda regressar à minha cama para um abraço ao Miguel, porque excepcionalmente o Miguel saiu cedo, muito cedo. Mas tenho sempre esta sensação de abraço matinal, quando o despertador já tocou várias vezes, e quando adiamos mais uma vez o toque para que o abraço se prolongue por mais um pouco. Como hoje.
As nossas manhãs são um caos, é verdade. Mas antes de tudo isso, são perfeitas.
E hoje é só dessa parte que me consigo lembrar.
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