Já fui escrevendo sobre isto, aqui e ali.
A minha visão sobre o pós-parto, a relação a dois depois de
seremos três, a maternidade, a educação não é coincidente com a generalidade
dos discursos que por aí ouço.
Há um receio que é recorrente nas mães que eu não tenho: o
medo de morrer. Não que não me assuste a morte pela sua definitividade, mas o meu
medo de deixar de viver manteve-se inalterado após o nascimento do Pedro.
Aliás, como já escrevi, o Pedro trouxe-me alguma serenidade
nesse aspecto, porque nele estou eu também, nele está a minha história, a minha
vida, a minha marca, nessa forma mais perfeita que só um bebé consegue trazer
às coisas.
No outro dia uma amiga falava-me do susto que apanhara na
eminência de um acidente rodoviário e no seu pensamento de morrer e de deixar a
filha pequena sem mãe. A falta que lhe faria… Isso é indiscutível. Porque não
há um tempo certo para ficarmos sem mãe, sem pai, sem avós. Não há isso do “cedo
demais” porque nunca é tempo.
Ou seja, não tenho dúvidas de que há um lugar na vida do
Pedro que só a mim me pertence e que, se eu morresse precocemente, muito
ficaria por partilhar, por dizer, por viver.
No entanto, não sinto qualquer angústia pela minha ausência,
mesmo que definitiva. Não sinto esse medo. E claro, uma ou outra vez
questiono-me se isso, que parece ser típico da condição de mãe, me faz pior.
Espero que não.
Confio tanto nas pessoas que fazem parte do Pedro, no
Miguel, nos meus pais, nos meus sogros, nos tios maravilhosos que o meu pequeno
recebeu, que sei que, na minha ausência, apesar disso, o meu filho teria o
melhor e seria feliz.
E, paralelamente, vem-me à cabeça a estranha postura que tão
frequentemente encontro em pais e mães que, após o divórcio, se sentem inseguros
em deixar o filho com quem antes o confiavam cegamente, com quem antes até se
pedia mais (mais muda de fralda, mais banho, mais dar o jantar) e que agora,
porque o vínculo do casamento se desfez, já não é capaz, já não sabe, já não cuida.
Sei que não serei assim se um dia a vida me afastar do
Miguel (kido, isto é só um raciocínio). Nada me faz duvidar que fará sempre o
melhor para o Pedro, que cumprirá escrupulosamente o que delineamos para o nosso filho e
que não será nunca o fim do nosso amor que colocará em causa esse amor maior
que sentimos pelo Pedro.
Digo isto tão convictamente que sei, pela experiência (e até
é alguma neste domínio), que também aqui fujo à regra.
Um erro técnico (é o que dá moderar comentários no iphone) fez-me eliminar o comentário da Princesa, que agora transcrevo:
ResponderEliminar"Sabes, revi-me mesmo muito neste teu post... Adoro a tua escrita e adoro "perceber" que há mais " aves raras" como eu! Um grande beijinho"
Obrigada, Princesa, obrigada mesmo. Acho que fico mais serena ao não me saber sozinha ;)
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