quinta-feira, 14 de maio de 2015

Nem sei bem

Nem sei bem a que se deve o meu silêncio.
Culpo a falta de tempo, o viver a 1000, mas talvez não seja essa a verdade.
Procuro a culpa como se tivesse que ser sempre assim. Não tem.
O silêncio às vezes faz falta.
Escrever também e sempre sem cumprir o acordo ortográfico.

Em quase 2 meses de silêncio, escrevo, para não me esquecer mais tarde.

No dia em que fez 4 anos o Pedro chorou de felicidade. A sensibilidade do Pedro tem este efeito em mim, efeito bipolar, de criar uma criança com os sentimentos à flor da pele, como eu acho que devemos ser, mas que sofre para lá da medida.

O Pedro e a Ana. O amor dos dois. A relação como sempre imaginei a relação de irmãos. O que fiz de melhor na vida? Já disse isto, mas é mesmo o meu maior orgulho: estes dois, cada um deles, é certo, mas estes dois juntos. [Os primeiros passos da Aninha foram  para o Pedro, enquanto se ouvia "Aninha, vem ao mano, vem."]



As pequenas coisas, sempre as pequenas coisas. Ensino aos meus que as pequenas coisas são muito mais do que o seu tamanho. Compensa sempre ver a reacção gigante do Pedro às pequenas coisas, seja dormirmos os 4 só porque sim em casa dos avós, seja o "pequeno-almoço de hotel" em casa, seja confeccionar e experimentar sabores do mundo porque é disso que se fala na escola.

A Aninha. Como sempre imaginei a minha filha mulher: determinada, corajosa, reivindicativa e meiga, tão meiga.

As saudades. De tantas coisas. De tantas pessoas. A sensação, por vezes, de ausência relativamente a quem não devemos. E um sonho.

[Não sonhei com o meu avô. Não era o meu avô.
Era um velhinho, bonito, com as mesmas características físicas e que trazia o mesmo cheiro do meu avô.  
Estávamos num baile e a cada música eu teimava dançar com o mesmo velhinho.
Fechava os olhos e dizia-lhe: só mais uma música, só mais uma.
Enquanto fechava os olhos, o perfume fazia-me jurar que era o meu avô.
Em cada dança o meu avô.
E eu que não me lembro de alguma vez ter dançado com o meu avô.]


4 comentários:

  1. <3 <3
    Gosto sempre tanto dos teus textos.
    Emociona-me a forma como escreves!
    Gosto de vocês. Assim, sem conhecer, sem estar, sem ver... Só pelo que escreves e eu sinto.
    Um enorme beijinho para vocês*

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  2. Que saudades de te ler. Gosto tanto de ver o meu afilhado pelas tuas palavras. Fazes-me falta!

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