Tenho lido muito. Tenho pensado muito.
Coloco-me muitas vezes na posição do outro e acho-me injusta.
Não sou pior porque, entre aquilo que penso e aquilo que faço, muito fica pelo caminho. Ainda bem.
Tenho pensado muito. Precisava do conselho de alguém, de um café na esplanada, de um banho de imersão.
Penso no que fiz de errado, no que faço de errado. Arranjo desculpas para os meus actos.
A culpa, essa, vejo-a como uma neblina nas fotografias de há um ano. Não em mim, curiosamente, mas no destinatário do meu erro. E se é verdade que esse erro é insignificante para a generalidade das pessoas, para mim traduz um peso gigante na pessoa que me julgava.
Voltei à única cidade que me aperta o peito. A cidade é linda, não há nada de concreto que justifique o que sinto. Mas sinto, sempre, tantos anos depois, a mesma angústia quando lá volto.
O que escrevo agora é mais ou menos como voltar àquela cidade que me aperta o peito. Aparentemente, nada justifica o que sinto, mas sinto. Aposto que se falasse nisto a uma amiga minha, ouviria "deixa-te disso Ana".
O que queria ouvir era algo diferente. Tenho pensado muito. Penso em quem me poderia dar uma resposta diferente, quem me levasse a neblina. Não estou a ver...
Com a confissão posso eu bem. Não vislumbro, mesmo, é a penitência.
O "deixa-te disso" é resposta fácil, mas, bem lá no fundo, é estúpida. É vazia porque vem da boca e pouco ou nada do pensamento e do coração. Sabes que, basta quereres, te acompanho na esplanada de um café.
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