segunda-feira, 29 de abril de 2013
sexta-feira, 19 de abril de 2013
Mariana
"Pequenina"
Foi assim que o Pedro te descreveu, Mariana. Hoje, quando fizeste maior o dia 18 de Abril. Quando fizeste maior o meu amor: por ti, pelo teu pai, que é tão meu, pela nossa família.
"Cor de rosa"
Foi assim que o Pedro também te descreveu, Mariana. Hoje, nesse lugar onde nasci, onde o vento é mais forte e nos entranha o sal, nesse fim de tarde de céu limpo, quando o sol sabe ser cor-de-rosa, como os sonhos, como tu.
Que as coincidências que encontro em tantos lugares permitam confirmar que nada é por acaso. Porque o amor, Mariana, nunca é um acaso. Para mim é o meu maior propósito.
Foi assim que o Pedro te descreveu, Mariana. Hoje, quando fizeste maior o dia 18 de Abril. Quando fizeste maior o meu amor: por ti, pelo teu pai, que é tão meu, pela nossa família.
"Cor de rosa"
Foi assim que o Pedro também te descreveu, Mariana. Hoje, nesse lugar onde nasci, onde o vento é mais forte e nos entranha o sal, nesse fim de tarde de céu limpo, quando o sol sabe ser cor-de-rosa, como os sonhos, como tu.
Que as coincidências que encontro em tantos lugares permitam confirmar que nada é por acaso. Porque o amor, Mariana, nunca é um acaso. Para mim é o meu maior propósito.
quarta-feira, 17 de abril de 2013
Às minhas amigas
Há um dia em que preparamos tudo com cuidado, com amor, com
pequenas coisas cheias de significado, há um dia em que conseguimos realmente
surpreender as nossas amigas e, mesmo assim, somos nós que acabamos com as lágrimas
nos olhos.
Fotografias por Filipa Alves
Só nos superamos porque quem está ao nosso lado o merece.
No meu pulso, os vossos/nossos corações.Fotografias por Filipa Alves
segunda-feira, 8 de abril de 2013
Agora sim!
Parte deste texto
foi escrito a 4 de Julho de 2012, quando os receios eram outros…
Desde muito pequena que aprendi a lidar com a diferença, porque a profissão da minha mãe me fez conviver, desde cedo, com crianças portadoras das mais diversas deficiências. Isso fez-me tolerante à diferença e deu-me, parece-me, uma aptidão mais apurada para com isso lidar. Ao ponto de me acontecerem coisas estranhas, inexplicáveis mesmo, como ser acarinhada por um menino autista, o que só fazia a quem já conhecia há muito tempo, intencionalmente, sem deixar dúvida de que de mim gostava, logo na primeira vez que me viu.
Tudo isto me fazia pensar, muito antes de sequer pensar seriamente em ter filhos, que um dia a aleatoriedade destas coisas me poderia apanhar, exactamente por esta maior capacidade de estar alerta, de intervir, de reagir, de cuidar de alguém diferente. Sem que com isso o desejasse, sem que sequer questionasse a possibilidade de escolher sempre um bebé saudável, nem que com isso tivesse que prescindir do que me tivesse calhado no decurso de uma gravidez.
Como se a história se repetisse.
O que a minha mãe mais desejou foi um filho saudável e perfeito. Uma gravidez de risco e os 5 meses de repouso forçado trouxeram-lhe a angústia de que assim poderia não ser. Angústia maior por ter conhecimento directo de situações complicadas que começaram da mesma forma, mas uma capacidade maior, pela sua experiência profissional, de reconhecer problemas, de agir, de cuidar, de amar um filho na sua diferença. Foi só um susto, mas que lhe deixou marcas, ao ponto de não mais querer engravidar, sendo essa a razão da minha condição de filha única.
Curiosamente, quando engravidei este receio não se pôs. Nem por um momento equacionei não ter um filho perfeito.
O Pedro nasceu e é o meu filho perfeito.
Essa obsessão fez-me questionar o pediatra à cautela, que, num primeiro momento por achar que estaria a exagerar não deu muita importância, mas que perante a habilidade extraordinária de pôr qualquer coisa a rodar, como espontaneamente o Pedro fez no consultório, se preocupou, pedindo-nos atenção.
Foi o que fizemos. Estar atentos. Sempre atentos.
Outras preocupações foram aparecendo ou foram-se mantendo, como o pouco contacto visual, o não responder, mesmo quando insistentemente o chamávamos, o conseguir identificar formas geométricas em tudo o que é lugar…
Repetimos consultas com a especialista em desenvolvimento infantil. Sempre a mesma sensação à saída, está tudo bem, mas importa manter a atenção.
Sei que a generalidade de quem me é próximo não entende a minha preocupação, pensa que tenho essa tendência desprezível de arranjar problemas onde não existem.
Não é assim que o vejo. Quero é antecipar quanto antes qualquer cenário. A minha mãe, que me entende, que agiria como eu, eu sei, perguntou-me um dia, à saída de uma das consultas: “mas, e se houvesse mesmo alguma coisa?” Respondi-lhe em lágrimas, do que não me gabo (porque não sei porque chorava), “eu quero é saber, para ser melhor, porque este é o meu melhor filho, tenho que ser a sua melhor mãe, à sua exacta medida.”
Desde muito pequena que aprendi a lidar com a diferença, porque a profissão da minha mãe me fez conviver, desde cedo, com crianças portadoras das mais diversas deficiências. Isso fez-me tolerante à diferença e deu-me, parece-me, uma aptidão mais apurada para com isso lidar. Ao ponto de me acontecerem coisas estranhas, inexplicáveis mesmo, como ser acarinhada por um menino autista, o que só fazia a quem já conhecia há muito tempo, intencionalmente, sem deixar dúvida de que de mim gostava, logo na primeira vez que me viu.
Tudo isto me fazia pensar, muito antes de sequer pensar seriamente em ter filhos, que um dia a aleatoriedade destas coisas me poderia apanhar, exactamente por esta maior capacidade de estar alerta, de intervir, de reagir, de cuidar de alguém diferente. Sem que com isso o desejasse, sem que sequer questionasse a possibilidade de escolher sempre um bebé saudável, nem que com isso tivesse que prescindir do que me tivesse calhado no decurso de uma gravidez.
Como se a história se repetisse.
O que a minha mãe mais desejou foi um filho saudável e perfeito. Uma gravidez de risco e os 5 meses de repouso forçado trouxeram-lhe a angústia de que assim poderia não ser. Angústia maior por ter conhecimento directo de situações complicadas que começaram da mesma forma, mas uma capacidade maior, pela sua experiência profissional, de reconhecer problemas, de agir, de cuidar, de amar um filho na sua diferença. Foi só um susto, mas que lhe deixou marcas, ao ponto de não mais querer engravidar, sendo essa a razão da minha condição de filha única.
Curiosamente, quando engravidei este receio não se pôs. Nem por um momento equacionei não ter um filho perfeito.
O Pedro nasceu e é o meu filho perfeito.
Mas a primeira
inquietude chegou quando percebi claramente que não reagia aos estímulos
auditivos como a generalidade das crianças. Sabia que ouvia exemplarmente,
havia feito o rastreio auditivo, mas não dava qualquer importância aos sons das
rocas nem à música nem às actividades que com ele praticávamos e que contendiam
com os sons.
A segunda chegou
quando me apercebi de que o Pedro era demasiado observador, que num ambiente
novo, não tirava os olhos dos objectos, ignorando em absoluto as pessoas,
recusando o contacto visual, ainda que se tratasse do pai ou da mãe.
Essa foram as
primeiras razões da minha visita a uma pediatra especialista em desenvolvimento
infantil. Sem que em momento algum tivesse sofrido por antecipação a um
diagnóstico qualquer. Vi algo de diferente, tinha dúvidas, quis apenas
esclarecê-las. Saí da consulta
tranquila, não sem que me tivesse sido dada a clara noção de que todas as
crianças são diferentes e que, de facto, o Pedro não tinha apetência para
estímulos sonoros e que era absorvido por tudo o que o rodeava. Entre uns focos
no tecto do consultório e eu, o pai ou a médica, o Pedro preferiu os focos.
Mesmo o Pedro não correspondendo à norma, o conselho que nos foi dado foi
incentivar as brincadeiras que lhe davam mais prazer e se para isso as rocas
tinham que ser postas em segundo plano, não havia qualquer problema.
De repente, sem
que o Pedro tivesse sequer um único carrinho em casa, apercebemo-nos da sua
adoração por rodas. Quando passeava na rua apontava para as rodas dos carros,
quando nos apanhava distraídos, encantava-se com as rodas do seu próprio
carrinho de passeio, fazendo-as rodar girar. Comprámos carros
e não havia (não há) brinquedo que tire o lugar a um qualquer carro. Adora-os.
Mas quando era mais pequeno gostava especialmente de ver a rotação das rodas. Mais
tarde, tentando introduzir outros brinquedos, que a generalidade das crianças
da sua idade gostam, como bolas ou puzzles de madeira, apercebi-me que o Pedro
também nesses outros objectos procurava ver a rotação. A bola não servia para
chutar com o pé nem atirar com a mão, apesar da insistência do pai, mas para
girar sobre si. O incrível é que com 14/15 meses conseguia dar o jeitinho à mão
para que as bolas girassem como gira a terra sobre um eixo. As peças do puzzle,
porque têm uma pega, antes de servirem para o encaixe serviam para girar,
voltando-as ao contrário e usando-as como se de um peão se tratasse. O
fascinante é que, percebendo que a rotação era mais branda no tapete, virava o
puzzle ao contrário para aproveitar a superfície lisa de madeira, para que a
rotação ganhasse velocidade. E tudo o mais, carrinhos com o capot mais elevado
eram postos de pernas para o ar para girar, tampas de tachos, peças de brincar
na areia, colheres…Essa obsessão fez-me questionar o pediatra à cautela, que, num primeiro momento por achar que estaria a exagerar não deu muita importância, mas que perante a habilidade extraordinária de pôr qualquer coisa a rodar, como espontaneamente o Pedro fez no consultório, se preocupou, pedindo-nos atenção.
Foi o que fizemos. Estar atentos. Sempre atentos.
Outras preocupações foram aparecendo ou foram-se mantendo, como o pouco contacto visual, o não responder, mesmo quando insistentemente o chamávamos, o conseguir identificar formas geométricas em tudo o que é lugar…
Repetimos consultas com a especialista em desenvolvimento infantil. Sempre a mesma sensação à saída, está tudo bem, mas importa manter a atenção.
Sei que a generalidade de quem me é próximo não entende a minha preocupação, pensa que tenho essa tendência desprezível de arranjar problemas onde não existem.
Não é assim que o vejo. Quero é antecipar quanto antes qualquer cenário. A minha mãe, que me entende, que agiria como eu, eu sei, perguntou-me um dia, à saída de uma das consultas: “mas, e se houvesse mesmo alguma coisa?” Respondi-lhe em lágrimas, do que não me gabo (porque não sei porque chorava), “eu quero é saber, para ser melhor, porque este é o meu melhor filho, tenho que ser a sua melhor mãe, à sua exacta medida.”
Fomos mais uma
vez à consulta. E desta vez não há nenhum “mas”. Agora sim!
Não dá para esconder que temos um filho pequeno...#25
Quando não é um bom presságio ouvir o pequeno a dizer, com cara de safado, à saída da casa de banho, "a mamã é bonita, a mamã é linda".
Sim, o meu estojo na sanita!
Sim, o meu estojo na sanita!
terça-feira, 2 de abril de 2013
O filho que pedi - I
Antes de saber o seu sexo, o seu nome, o seu exacto tom de
pele, a cor dos seus olhos, a perfeição de cada pormenor do seu rosto, desejava
um filho meigo, doce, que me cercasse o pescoço, que me beijasse sem pedido,
que replicasse este meu jeito de mimar a cada momento.
O meu filho, este que pedi, não foi sempre assim. As suas manifestações de amor chegavam apenas em dois momentos do dia, quando me via, depois de um dia de trabalho, e me abraçava, dando-me palmadinhas nas costas, ou quando tinha sono e se enroscava no meu colo.
Com dois anos o Pedro é muito mais do que o filho que pedi. Faz-me festas na cara, sem pré-aviso, ao mesmo tempo que diz “miminhos”, beija-me a todo o instante, a cara, as mãos, as pernas, abraça-me como se fossemos um só, reclama-me a cada momento, esgota o meu nome, esse que me cabe tão bem – “mamã” – e pede-me “naninha” quando quer o meu colo em silêncio, mesmo que não feche os olhos de sono, mas de mimo.
Com dois anos o Pedro, mais do que o filho que pedi, é o filho que mereço.
O meu filho, este que pedi, não foi sempre assim. As suas manifestações de amor chegavam apenas em dois momentos do dia, quando me via, depois de um dia de trabalho, e me abraçava, dando-me palmadinhas nas costas, ou quando tinha sono e se enroscava no meu colo.
Com dois anos o Pedro é muito mais do que o filho que pedi. Faz-me festas na cara, sem pré-aviso, ao mesmo tempo que diz “miminhos”, beija-me a todo o instante, a cara, as mãos, as pernas, abraça-me como se fossemos um só, reclama-me a cada momento, esgota o meu nome, esse que me cabe tão bem – “mamã” – e pede-me “naninha” quando quer o meu colo em silêncio, mesmo que não feche os olhos de sono, mas de mimo.
Com dois anos o Pedro, mais do que o filho que pedi, é o filho que mereço.
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