terça-feira, 26 de março de 2013

Mães reais


Projecto Ties - Mães Reais
Fotografia de Sofia Simões

Vi várias fotografias do projecto. As fotografias dizem tanto, ilustram, como disse à Sofia Simões, o nosso melhor romance. Mas as frases... As frases de cada uma das mães dizem ainda mais quanto a esta privilegiada relação.

terça-feira, 19 de março de 2013

Pais

Talvez tenha sido hoje o dia em que mais li manifestações de amor pelos pais.
Também por isso me lembrei especialmente do meu pai, que é melhor depois de ter sido avô e do pai do Pedro, que é melhor depois de ter sido pai.
E lembrei-me do meu avô materno. Lembrei-me inúmeras vezes da última vez que o beijei. Do frio da sua pele que me enrugou os lábios. Da forma demorada como me despedi. De sentir que alguém teve que me afastar para então o deixar de ver pela primeira vez para sempre.

Hoje é um dia feliz. Mas nos dias felizes sinto ainda mais a sua falta.

2. 2 dias felizes.

Queria encontrar as palavras certas para o descrever. Sinto-me tão feliz que não sei se as palavras chegam para o mostrar. O sorriso do meu filho basta. O choro do meu filho, pedindo-me “mais festa”, basta.

O Sábado começou como qualquer outro Sábado, sem que o Pedro pudesse perceber o que significa fazer dois anos. Apesar de responder prontamente “dooois” quando lhe perguntávamos quantos anos fazia, sei que respondia apenas porque assim lhe foi ensinado. Ignora o que o dia 16 de Março nos traz, a comoção com que as 11h31m daquele dia cinzento nos passou a amarrar os sentimentos, as vezes que o relembro acabado de nascer. Ignora como um dia, como outro qualquer, passou a ser, para lá do dia da sua vida, o dia das nossas vidas.
Ignora que as lágrimas me vieram aos olhos quando, nesse Sábado, no momento em que debrucei na banheira para lhe molhar o cabelo, me disse, sem que lhe tivesse feito qualquer pergunta, “a mamã é linda”. Disse-o assim, tal e qual, e nesse preciso momento senti-o em jeito de agradecimento. “Sim, sou linda, meu amor, passem os anos que passarem, sou linda por te ter dado vida. A minha beleza está marcada na cicatriz que me ficou para te ver nascer, e nos teus olhos, na tua boca, no teu queixo, na tua pele, nas tuas palavras, nos teus abraços apertados, no teu mexer do meu cabelo, na forma como cabes tão bem no meu colo.”
Por tudo o que o Pedro é, depois de eu ter passado o dia na cozinha a fazer o bolo de aniversário, o jantar e a sobremesa, não lhe podia recusar nenhum desejo quando acordasse da sesta. Acordou e pediu-nos para ir ao Porto. O dia não estava perfeito para passeios, mas com dois anos a chuva tem encanto, passear com guarda-chuva tem encanto. Quisemos subir aos Clérigos, para assim poder ter todo o Porto nos seus olhos, mas, apesar da nossa insistência, o Pedro dizia “não quero subir, quero passear”. Assim foi.
Por tudo o que o Pedro é, preparamos-lhe uma surpresa com balões luminosos no momento de cantar os parabéns. Ficou tão feliz, mas tão feliz. Nesse preciso momento percebi como conheço tão bem o meu filho. Tal era a alegria que não tivemos coragem de os lançar todos à lua. Ficaram-lhe nas mãos, rentes ao coração.



No final da festa o Pedro chorou, repetia “mais festa, mais festa”. E, como disse, isso basta-me.

O Domingo começou como outro Domingo qualquer. Já não chovia e ao abrir a janela do quarto, porque o sol era explícito, o Pedro pedia “vamos à praia, vamos ao parque.” Por tudo o que o Pedro é, apesar de termos uma festa enorme para preparar, não lhe recusamos o desejo e fomos ao parque.
À tarde, nesse dia 17, exactamente dois anos depois de o Pedro ter conhecido o seu amigo de sempre, festejamos juntos, com os amigos, o 2º aniversário dos dois “pimos”. Como se trata de uma amizade vivida ao pormenor, criámos uma festa pensada ao pormenor. Foi perfeito. Perfeito mesmo. Ainda me impressiona a amizade dos dois, ainda me impressiona como nós, as mães, somos tão parecidas nesta coisa de nos darmos ao trabalho, ainda me impressiona como os pais, apesar de não serem amigos de infância, quase o parecerem.



 
 

No final da festa o Pedro, mais uma vez, chorou e repetia “mais festa, mais festa”. E, como já disse, isso basta-me.
No final da festa, eu estava verdadeiramente feliz. Talvez também tenha chorado, de genuína alegria.

sexta-feira, 15 de março de 2013

A forma do nosso amor

Amanhã o Pedro faz 2 anos.
À semelhança do ano passado, quisemos que o aniversário ficasse gravado em linhas especiais. Depois de um retrato a óleo, uma ilustração. E diz-se tanto sobre o Pedro assim.
Diz-se tanto sobre o nosso amor.

Se o nosso amor tivesse uma forma, poderia bem ser esta: a forma de uma lua. Não de uma lua como esta, mas de uma lua CHEIA.


Ilustração de Diana Costa - The Art Studio.
www.facebook.com/iliketheartstudio.com

quarta-feira, 13 de março de 2013

O mundo simples

Encanta-me a percepção que as crianças têm das coisas. Essa forma limpa de encarar o mundo. Esse jeito transparente de o dizer.
No meu filho tudo me encanta, é verdade. No meu filho tudo me encanta ainda mais.

Ontem à noite, enquanto o Pedro bocejava.
Pai: Isso é soninho?
Pedro: Não!
Pai: Ai não!? Então é o quê?
Pedro: É abrir a boca!

segunda-feira, 11 de março de 2013

A lista da nossa mãe

Outro? Foi assim que a Sara começou o seu post.
É assim que começo o meu.
Sim, outro, porque quando alguém nos diz que gosta muito de tudo o que dizemos, não temos como negar um pedido. Obrigada, Sara.

Eu

Prato favorito: Massa em geral.
Peça de roupa e acessório: Vestidos e relógios.
Música favorita: Alma mater, Rodrigo Leão.
Flor: Frésias
Cor: Verde.
Cheiro: Café.
Livro favorito: Antologia de Sophia de Mello Breyner Andersen. Uma visita ao Jardim Botânico relembrou-me Sophia. Como me marca desde criança…
Local: Porto, as ruas do Porto, os jardins do Porto, o rio do Porto, as pontes do Porto.
Brincadeira favorita: Plasticina e bolas de sabão
Quotes mais importantes para a vida: “há ilimites que nos moram” de Fernando Alvarenga
Bolo favorito: Chocolate
Maior mentira: Sou a prima mais velha e era sempre eu a culpada. Um dia mordi a minha mão só com os dentes de baixo (porque os de cima eram grandes e não compatíveis com os do meu primo) e disse à minha avó que o Serginho me tinha mordido. Acreditou! E o Sérgio levou um castigo injusto.
Maior traquinice: Maquilhar um amigo na viagem de finalistas do 12º ano durante o sono.
Gelado favorito: Iogurte.
Profissão que queria ser: Fotógrafa.
Defeito da Mãe: Pensa demais.
Qualidade da Mãe: Dar-me ao trabalho, em tudo.

Eu e o meu filho

Fecho os olhos e a primeira imagem que tenho de ti é: No meu peito, a dormir, sereno, respiração ao meu ritmo, calor, paz.
Coisas que lhe queres ensinar: A agir, a intervir, a marcar presença e nunca deixar nada por dizer.
O que guardarias na caixa de recordações do teu filho: Tudo! Tudo o que é importante. Sou muito ligada aos objectos que fazem a nossa história. Cartas, desenhos, bilhetes de teatro e concertos para bebé…
Locais onde querias levar o teu filho: Iguaçú, por ser o local do amor maior que o fez.
Coisas que gostas que ele te diga: "A mamã, vai?". Esta forma que tem de dizer que depende de mim.
Coisas que não ias gostar que ele fizesse: Que não tivesse confiança em mim.
O que não gostas de fazer ao teu filho: De não lhe dar a atenção devida quando trago o trabalho para casa.
Queres muito que o teu filho: Seja inteiro! (outra vez)

sexta-feira, 8 de março de 2013

Não dá para esconder que temos um filho pequeno...#24

Quando, procurando uma moeda esquecida na bolsinha da carteira para tirar um café na máquina do tribunal, nos sai uma bola de plasticina cor de pele.

E porque o julgamento que se seguia era de tráfico de droga, ainda ouvi um Colega dizer-me "vá lá, não é castanha".

quinta-feira, 7 de março de 2013

11, porque a Pitú pediu

Eu sei que chega com atraso. Também sei que não vou cumprir na íntegra o que a Pitú me pediu, porque não vou passar o desafio, mas à madrinha do meu pequeno não se nega nada. E aqui vai:
 
As respostas às 11 perguntas que me fez:

- Estes desafios são:
uma forma de nos darmos a conhecer e de conhecermos os outros, ainda que de uma forma superficial.
- O meu maior defeito é: ser excessivamente preocupada com os assuntos do trabalho.
- Daqui a 20 anos: serei melhor.
- Gostava de conhecer: (de ter conhecido) José Saramago e Sophia de Mello Breyner Andersen.
- Nunca me vou esquecer: do dia em que vi um arco-íris prateado em Iguaçu.
- Um dia perfeito: sem horários, sol de Inverno, café, chocolate e mimos.
- O meu maior medo é: a morte – pelo facto de “para sempre ser tempo demais”.
- Amar é: a melhor forma de ter – adaptado de uma frase de José Saramago.
- Uma casa deve ser: um sítio cheio das nossas histórias.
- Quero que o meu filho seja: inteiro.
- Ser feliz é: ser inteiro.
11 factos sobre mim (vou tentar não me repetir): sou muito dada aos pormenores, fico muitas vezes agarrada à primeira impressão que tenho das pessoas,fui muito arrumada, até ter nascido o meu filho, sou faladora, não esqueço facilmente, mas resolvo, penso seriamente em ter uma actividade profissional diferente, adoro leite creme, gosto de molhar o pão no leite (eu sei que isto não se faz, mas gosto mesmo), gostava de ter um filho não biológico, gostava de ter outro filho biológico, comovo-me muito facilmente.
 

quarta-feira, 6 de março de 2013

Outra vez longe

São raras as vezes que a distância nos afasta os abraços, mas já começa a ser recorrente ter o marido fora no início do mês de Março. Por 7 dias. Pouco, para quem já se habituou a ouvir amigos e conhecidos a deixar o país por muito mais tempo. Pouco, para quem cá fica, com mimos extra dos pais e com um amor pequenino que nos absorve e nos exige estar de alma inteira. Tanto, para quem vai. Tanto, para quem pensa e sente como é tanto tempo para quem vai.

Não sou boa nas despedidas. Digo tudo o que se deve dizer, que vai passar rápido, que a vida é assim, que é pouco tempo, que estaremos sempre juntos ainda que em palavras ou em sonhos. E não choro. Mas o coração aperta-me por sentir o aperto de quem parte.
E depois, as crianças têm esse dom de nos abanar, esse jeito inconsciente de nos fazer focar no que importa. Mal o Miguel passou a porta de embarque, o Pedro correu para ver os aviões, correu para ver tudo o que um aeroporto tem de fascinante, correu porque o chão é liso e o espaço amplo. Dissemos adeus ao papá. Vimos um avião no ar e só não vimos o papá a acenar porque o avião voa mais alto dos que os pássaros e mais perto das nuvens.

Falo no papá todos os dias. Mas o Pedro não pergunta por ele. Sei que lhe sente a falta, que anseia pelas brincadeiras no banho, pelas escondidinhas, pelos saltos até ao céu que só o pai tem a habilidade de propiciar. Sei que sente que algo está diferente, a rotina alterou-se até um bocadinho mas o Pedro não questiona. Penso que será normal, acredito que não pergunte por uma questão de protecção. Ouve a voz do papá pelo menos 1 vez ao dia ao telefone, mas não lhe responde. Ontem mostrei-lhe uma fotografia do pai. Fez aquele gesto  de pedir o que está a ver na imagem (tão fofo) e choramingou. 1 segundo depois já estava a falar dos carros e da ambulância da cruz vermelha, mas voltei a sentir o coração apertado.
É que eu não sou boa nas despedidas.