Quando lhe perguntei “sabes onde vamos?”, respondeu-me “Ponte de Lima”, porque 15 dias antes tínhamos escolhido passar o dia junto ao rio.
Tivemos tempo no caminho, antes que adormecesse e antecipasse o dia em sonhos, de lhe falar na neve, no frio, nos primos que iriam ter connosco e nesse nome bonito da Serra que o Pedro preferiu usar no plural: Serra das Estrelas.
O tempo devia permitir que gravasse para sempre aquela
imagem do meu filho em espanto. O querer tocar na neve, o sentir o frio, o riso, a forma segura como caminhava, o rebolar no chão,
abraçando a neve.
Alegria genuína. Como
nunca pensei. Felicidade absoluta. Como só se sente quando se é criança. Ouvi-o
dizer várias vezes “tanta neve”, como se pudesse o Pedro saber se aquilo era
muito ou pouco. Tanta, porque para o meu pequeno tamanha felicidade não podia
vir de pouco. Eu sei que não é verdade. É o que mais adoro em ser mãe: fazer o meu filho feliz com quase nada.