quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Das coisas improváveis desta gravidez - II

-Com 25 semanas, um senhor pergunta-me como está o bebezinho, referindo-se claramente a um bebé que já teria nascido!
-Não tenho dores nas costas nem sangro das gengivas.
-Tenho um olfacto mais do que apurado e isto só é improvável porque é algo quase patológico, o que não ajuda quando tenho que lidar por vezes com pessoas com hábitos de higiene pouco recomendáveis.
-Com 27 semanas ainda não usei meias de descanso e a cinta está esquecida.
-Estou com um óptimo raciocínio matemático, há quem diga que é por ter dois cérebros.

domingo, 24 de novembro de 2013

Outono


É tão fácil ser-se feliz no Outono.
É tão fácil ser-se feliz sendo criança.
É tão fácil ser-se feliz tendo por perto a liberdade.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Não dá para esconder que temos um filho pequeno...#29

Quando pensamos em estratégias para filmar o seu acordar, porque é a coisa mais fofa que existe!
E estou a ser completamente objectiva, há muito poucas coisas tão doces como a voz rouca do Pedro, ainda no quente da cama, misturada com mimo, quando diz "vamos tomar o pequeno almoço, vamos?" É que ele diz correctamente "pequeno almoço", mas numa entoação encantadora, só dele...

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Das minhas coisas (ou já estive mais longe do Magalhães de Lemos) #6

Às vezes quando não encontro um par de meias, uso meias diferentes por baixo das botas.
Depois fico com medo de, por qualquer circunstância, ter que as descalçar.

(Tenho que me deixar disto mais perto da DPP.)

terça-feira, 5 de novembro de 2013

O que está antes de nós - II

Antes de mim ou dos meus filhos, o amor...

O meu bisavô era ainda jovem, estudava no terceiro ano do curso de medicina, vivia com os seus pais em Portugal.
Prometeram-lhe uma noiva mas o meu bisavô preferiu acreditar no amor. No amor, na sua forma mais abstracta.
O meu bisavô não aceitou casar com a noiva escolhida. Rejeitou a imposição da família e fê-lo, não por amar outra pessoa, mas por acreditar no amor.
Num amor que viria a chegar num outro continente, para onde foi, deixando tudo, a família, os estudos, as certezas.

A nossa família só existe porque o meu bisavô acreditou no amor.
A história da nossa família é (também) uma história de amor.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

O que está antes de nós - I

Nas pesquisas que ando a fazer para completar um livro sobre a história familiar do Pedro, descobri pequenas coisas sobre os meus (nossos) antepassados que me deixaram comovida.
E são só pequenas coisas...

O meu tretravô era marinheiro.
Eu nasci em terra de marinheiros, a minha infância foi passada com salitre no corpo e maresia nos cabelos. E, ainda assim, o mar nunca me foi muito próximo. Não o é, pelo menos, na minha vida adulta. Há anos que não dou um mergulho no "mar do Norte".
Mas o meu Pedro, ooh, como eu noto que o corpo do Pedro é um corpo de marinheiro, que se atreve nas ondas, que se bate com bravura contra o frio do mar, que se encoraja nas rochas, que apanha peixinhos com as mãos com uma habilidade surpreendente.
Eu sei que o Pedro é uma criança, só uma criança. Que é por ser criança que não teme as ondas nem o frio, que é por ser criança que não tem consciência de que não se pode roubar a água aos peixes e trazê-los na mão.
Mas quando soube que o meu tretravô era marinheiro, num escrito que a minha mãe e a minha avó ignoravam, comovi-me. Porque o que está antes de nós, às vezes, faz tanto sentido...
Talvez o que está antes de nós tenha o sentido que nós lhe queremos dar. Ainda assim, faz todo o sentido. E isso deixa-me mesmo feliz.