terça-feira, 2 de abril de 2013

O filho que pedi - I

Antes de saber o seu sexo, o seu nome, o seu exacto tom de pele, a cor dos seus olhos, a perfeição de cada pormenor do seu rosto, desejava um filho meigo, doce, que me cercasse o pescoço, que me beijasse sem pedido, que replicasse este meu jeito de mimar a cada momento.

O meu filho, este que pedi, não foi sempre assim. As suas manifestações de amor chegavam apenas em dois momentos do dia, quando me via, depois de um dia de trabalho, e me abraçava, dando-me palmadinhas nas costas, ou quando tinha sono e se enroscava no meu colo.

Com dois anos o Pedro é muito mais do que o filho que pedi. Faz-me festas na cara, sem pré-aviso, ao mesmo tempo que diz “miminhos”, beija-me a todo o instante, a cara, as mãos, as pernas, abraça-me como se fossemos um só, reclama-me a cada momento, esgota o meu nome, esse que me cabe tão bem – “mamã” – e pede-me “naninha” quando quer o meu colo em silêncio, mesmo que não feche os olhos de sono, mas de mimo.  
Com dois anos o Pedro, mais do que o filho que pedi, é o filho que mereço.

3 comentários:

  1. Adorei este post, mesmo! Sem falsas modéstias, assumir que temos aquilo que merecemos e para o qual contribuimos. Parabéns e um beijinho.

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  2. Conhecendo como te conheço posso afirmar sem sombra de duvida que mereces! Mereces que te abrace com todo o carinho do mundo, retribuindo da sua forma tudo o que lhe dedicas... Especialmente a tua paciência, pois é provavelmente o que mais admiro em ti como mãe! (E o que mais dificilmente me vejo a atingir!!)

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  3. Adorei, Ana.
    E sim, também eu pedi um filho assim.
    Espero, tal como tu, merecê-lo.
    Um beijo*

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