segunda-feira, 26 de maio de 2014

No melhor o pior

Nesta mais recente maternidade não tive ataques de choro como na primeira, não senti oscilações hormonais que me fizessem parecer bipolar. Nesta mais recente maternidade só chorei por causa do Pedro.
Depois de uma reacção doce durante toda a gravidez, depois de uma reacção eufórica, plena de felicidade, no dia em que conheceu a irmã, o Pedro revelou-se zangado, irritado, furioso até.
Eu contava com ataques de ciúmes contra a Ana Miguel, com retrocessos aqui e ali, mas não contava que dirigisse toda a sua instabilidade contra nós, pais. E nós, que nos desdobrámos para que não sentisse diferença nas rotinas, que nos multiplicámos para lhe dar todo o mimo ( e muito mais), nós éramos para ele o inimigo!
Durante 8 dias o Pedro deixou de dizer, como sempre disse, que me adorava. Durante 15 dias não quis a nossa ajuda no banho, na hora de beber o leite, não quis que participássemos nas suas brincadeiras. Chegou mesmo a dizer que queria que nós fossemos embora e que ele ficava sozinho com a mana.
Tudo isso doeu mais do que podia imaginar, não por pensar que algo tinha mudado na nossa relação mas por ser um reflexo do seu sofrimento imenso.
O Pedro deitou-se várias vezes a chorar e ele não sabe que, enquanto lhe apertava o corpo contra o meu e lhe beijava a testa, também eu me deitava a chorar.
O pior já passou e gosto de pensar que as coisas voltaram à normalidade. Mas há retrocessos num dia ou noutro. São esses dias que me lembram que o melhor que pude fazer pelo meu filho lhe trouxe também o pior. São esses dias que não me fazem esquecer que os dias mais felizes da minha vida foram também os mais duros.

3 comentários:

  1. É díficil, bem sei, mas o truque é desdramatizar, dar colo, mimo e certezas. Se formos a ver com cuidado, quantas e quantas vezes não causamos um sofrimento enorme aos pequenos para que cresçam mais fortes? a angústia de retirar o conforto da chupeta, a dificuldade em lhes iniciar o desfralde, o dia em que os deixámos no infantário... Tudo fazemos, com a certeza que estamos memso a fazer o melhor. E um irmão é assim, mas em GRANDE! Eles sentem-se ameaçados, mas nós temos a certeza de que os amamos até um bocadinho mais! Relaxa Ana, disfruta e as zangas e as palavras omissas do Pedro não são mais do que demonstrações do quanto ele gosta de vocês!

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  2. Olá Ana,
    tenho pensado tanto nisto tudo. estou grávida, 32 semanas. tenho uma filhota q fará 2 anos quando o mano já tiver nascido há um mês e tal. queremos fazer o melhor, decidimos ter um segundo filho. acredito (eu e o marido) fortemente q isto é o melhor pr a minha família de quase quatro: acredito q seremos melhores pais a partir do segundo (pr ambos), acredito q o melhor pr todos é eles terem +- esta diferença de idade, acredito q a minha filha não deveria ficar como filha única. acreditamos e desejámos muito esta realidade e depois, para cumprimos este desejo, para oferecermo-nos como melhores pais e família à nossa filha, parece q necessitamos obrigatoriamente de ser menos pais. a ter menos tempo, às vezes menos paciência, o que não ajuda a demonstrar que o amor está maior.

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  3. Um beijinho querida Ana.
    Tenho a certeza que estão a fazer o melhor e da melhor forma.

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