segunda-feira, 3 de novembro de 2014

A minha avó velhinha

Hoje, enquanto conduzia até ao meu escritório, lembrei-me de como a minha avó materna está muito velhinha. Fiquei mais triste do que é costume ao pensar na minha avó velhinha. Não pelo peso dos 90 anos que Dezembro a fará completar, não pelas rugas, não pela escassa mobilidade, não pelo discurso que é muitas vezes irreal, não pelas vezes que pergunta a mesma coisa. A minha avó materna está muito velhinha porque ninguém lhe foi capaz de dizer que a minha mãe está doente. Nem a minha mãe. A minha mãe, que ainda tem mãe, não lhe pode pedir colo. A minha avó está muito velhinha. Eu bem sei que ela saberia bem dar colo, sempre foi a melhor das avós, das mães a dar colo, mas todos acham que está muito velhinha para saber da razão da necessidade do seu colo. Fiquei mais triste ao pensar na minha avó velhinha. Têm sido tantas as vezes que lhe ocultam a necessidade do seu colo, têm sido tantos os colos que ficam por dar. Fiquei mais triste pela minha avó, que velhinha, poderia, ainda assim, querer saber e dar colo. [E fiquei mais triste pela minha mãe.]

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