terça-feira, 1 de outubro de 2013

Este meu amor que é mais meu - I

Esta minha filha é mais minha do que de qualquer outra pessoa.

Chegou-me de surpresa, contra todas as certezas, contra todas as probabilidades. Chegou-me num palpite, uma dúvida, numa ânsia, num teste feito em laboratório sem que ninguém soubesse, num telefonema com o resultado, numa espera no Tribunal. E naquele momento, num banco em que me sentei tantas vezes à espera, esperei de outro modo. E sorri, numa emoção muito mais contida do que da primeira vez, numa felicidade tão mais serena. E numa confirmação que só era minha.
Era 27, esse número que nos diz tanto, depois de um pedido no ar quente de um balão de S. João.
E como nos chegou de forma tão improvável, nem o pai entendeu o que escrevi naquele postal: “hoje, amo-vos ainda mais porque tenho dois corações em mim”.
Esta minha filha é mais minha. E não o digo em jeito de reclamar a posse de um amor, em jeito de causar inveja. Sinto-o, sinto-o muito mais com a Ana Miguel, por tantas e pequenas coisas.

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